JESUS CHEGOU E A LEI ACABOU?

por | dez 5, 2022 | Editoriais

As leis do Antigo Testamento, que são civis, cerimoniais e morais, fazem parte do primeiro projeto de Deus para com os hebreus, a fim de retirá-los do domínio egípcio rumo à sua nova terra, sob o governo de liberdade. Esta ação divina, ainda comemorada entre os 14 milhões de judeus espalhados no mundo, deu-se como resposta ao cumprimento da promessa que o Senhor fez a Abraão (cf. Gênesis 12.1,2). Assim, a Lei pode ser compreendida como um conjunto de orientações transmitidas por intermédio de Moisés, a partir da aliança bilateral do Sinai (Êxodo 19), e sua principal finalidade é formar um povo livre, que adora somente ao Senhor como seu único Deus.

Diante desta compreensão, os cristãos, ao olharem para o Antigo Testamento, são convidados ao equilíbrio na interpretação da Lei, a partir de dois aspectos. Primeiro, as leis (e suas interpretações ao longo da história do povo de Israel) não devem praticadas por nós, seguidores de Jesus deste tempo. Isso se explica pelo seguinte motivo: a partir do nascimento, morte e ressurreição de Jesus, a Lei cumpriu sua finalidade. Em Jesus, o projeto original de Deus é oferecer ao ser humano a salvação plena, a partir da comunhão com a Trindade, e isso nos é possibilitado em alto e bom som. Sim, por intermédio de sua conversão a Jesus, você é convidado, diariamente, a se relacionar com o Deus triúno.

Em segundo lugar, os cristãos devem olhar para o Antigo Testamento interpretando-o e lendo-o sempre à luz do Novo. Além disso, no que diz respeito às leis contidas no Antigo Testamento, os cristãos precisam estabelecer uma relação de respeito com seus primeiros destinatários, isto é, os judeus. Dessa forma, desenvolveremos uma boa atitude para evitar qualquer possibilidade de antissemitismo no mundo. Afinal, enquanto marca étnica de um povo, as orientações devem ser interpretadas e preservadas em sua própria história.

Posto isso, a fim de entender melhor a relação dos primeiros seguidores de Jesus com o Antigo Testamento, basta voltarmos aos primeiros escritos do Novo Testamento, transmitidos por intermédio do Apóstolo Paulo. No que se refere à prática dos judeus que seguiam a Jesus, não há uma proibição do sábado, nem abstenção da dieta alimentar (kosher ou kasher) e muito menos a negação do bar/bat-mitzvá. Lembremos que Jesus, como bom judeu que era, também foi apresentado no Templo de Jerusalém (cf. Lucas 2.24). Quanto aos gentios, o que parece se desenhar nos textos do primeiro século, principalmente nas Cartas aos Gálatas e aos Romanos, é o seguinte cenário: não há obrigação da prática da Lei para os gentios e, consequentemente, não se pode interpretar a Lei como caminho possível para salvação.

Diante disso, finalmente concluímos que, para Paulo (e também para nós), Jesus é o único e possível caminho para obter a verdadeira liberdade, a salvação plena oferecida por Deus a nós! Jesus, nascido em Belém da Judeia, é sim o padrão de ser humano para as nossas relações com Deus, com o próximo, com a natureza e com nós mesmos, tornando-Se a ponte que nos conecta ao Eterno (Gênesis 3; João 14.6; Romanos 5.12-21, Efésios 4.13). Por este motivo, afirmemos juntos: Gloria in excelsis Deo (Glória a Deus nas alturas).

Pr. Douglas Pedrosa

Ministro da Juventude PIBN