Neste domingo, em que estamos encerrando a Campanha de Missões Nacionais em nossa igreja, quero convidá-lo par]a refletirmos sobre missões numa perspectiva bíblica. Em sua obra “Ouça o Espírito, ouça o mundo” (p. 359 a 375), John Stott afirma que a missão cristã tem suas raízes na natureza do próprio Deus, pois a Bíblia o revela como um Deus missionário (Pai, Filho e Espírito), que cria um povo missionário e que está trabalhando para uma consumação missionária. Stott desenvolve seu argumento por meio de um rápido panorama da Bíblia, dividindo-o em cinco seções:
1. O DEUS DO ANTIGO TESTAMENTO É UM DEUS MISSIONÁRIO
Em Gênesis 12.1-4 encontra-se o propósito salvador de Deus: abençoar o mundo inteiro através de Cristo, a semente de Abraão. Contudo, Israel esquecia frequentemente do escopo universal da promessa de Deus, passando a preocupar-se consigo mesmo e com sua própria história. Por isso, os profetas tinham que lembrar o povo constantemente que o propósito de Deus através dos descendentes de Abraão era abençoar as nações (Isaías 49.6).
2. O CRISTO DOS EVANGELHOS É UM CRISTO MISSIONÁRIO
O Evangelho de Mateus começa com a genealogia de Jesus, traçada desde Abraão, indicando que a promessa se cumpriria (Mateus 1.2). A seguir, ele descreve a visita dos magos, vendo-os como precursores das multidões gentílicas que mais tarde haveriam de prestar homenagem a Jesus (Mateus 2.1-12). Registra, também, a memorável predição de Jesus de que “muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus” (Mateus 8.11). O evangelho termina com o imperativo de que os seguidores de Jesus devem alcançar, batizar e discipular pessoas de todas as nações (Mateus 28.19,20).
3. O ESPÍRITO SANTO DE ATOS É UM ESPÍRITO MISSIONÁRIO
O Espírito Santo é o ator principal no livro de Atos. Nele assistimos, fascinados, o Espírito missionário criando um povo missionário e impulsionando-o a cumprir sua tarefa missionária. Os discípulos são levados pelo Espírito a testemunhar tanto em Jerusalém (Atos 1-7), como na Judéia e Samaria (Atos 8-12) e até os confins da terra (Atos 13-28).
4. A IGREJA DAS EPÍSTOLAS É UMA IGREJA MISSIONÁRIA
As Epístolas do Novo Testamento pressupõem que a igreja vive no mundo e tem como responsabilidade alcançá-lo em compaixão. Paulo presume que as igrejas irão participar do seu próprio ministério apostólico através do seu apoio, seus dons e, acima de tudo, suas orações. Ele agradece a Deus pela “cooperação no evangelho” dos filipenses (Filipenses 1.5). Pede aos tessalonicenses que orem para que através dele “a palavra do Senhor se propague e seja glorificada” (2Tessalonicenses 3.1). Aos colossenses, “para que Deus nos abra porta à palavra” (Colossenses 4.3). Aos efésios, para que lhe seja dada, no abrir da sua boca, a palavra, bem como ousadia e intrepidez ao fazer conhecido o evangelho (Efésios 6.19-20). Os membros da igreja também devem se envolver individualmente com o testemunho cristão, sendo sensíveis para com os de fora, aproveitando toda a oportunidade para testemunhar (Colossenses 4.5-6).
5. O CLÍMAX DO APOCALIPSE É UM CLÍMAX MISSIONÁRIO
A missão da igreja não será em vão. Resultará em uma multidão incontável de redimidos, de diferentes línguas e culturas, que incessantemente celebrarão a graça de Deus (Apocalipse 7.9-10).
Stott conclui enfatizando que o Deus Trino é um Deus missionário, que a Igreja é eminentemente missionária, que o céu estará cheio de frutos da obra missionária e que, à luz deste ensino claro das Escrituras, nossa tarefa é, como corpo de Cristo, encontrar maneiras práticas para expressarmos nosso comprometimento com nosso Deus Missionário. Dessa forma, lembremos que mesmo após o encerramento da campanha neste domingo, o nosso compromisso com a obra que o Senhor está fazendo no mundo continua.
Que Jesus abençoe você e sua família!
Pr. Cleverson Pereira Rodrigues
Ministro de Evangelismo e Missões da PIBN